segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Os Judeus em Portugal e no Mundo

A sociedade do séc. XV discriminava as pessoas em função da religião.
A maioria cristã inferiorizava as minorias como os Judeus e os Mouros, que eram vulgarmente considerados inferiores relativamente ao cristianismo. Ambas as comunidades, judaica e mourisca, foram relegadas para bairros próprios - judiarias e mourarias.
No entanto, a rivalidade existiu sobretudo em relação ao povo judeu devido à sua superioridade económica e intelectual. A riqueza dos Judeus era cobiçada pelos cristãos.
Como se pode ver os Judeus foram muito mal tratados mundialmente na 2º Guerra Mundial.
Hoje, felizmente, a presença dos Judeus em Portugal é encarada com toda a normalidade. Em alguns países ainda existem guerras com os Judeus, como por exemplo os palestinianos que hoje estão em guerra.

domingo, 28 de novembro de 2010

Estudo da cena do Judeu, Auto da Barca do Inferno

Como Símbolos Cénicos, temos o Bode expiatório trazido pelo Judeu, que simboliza o seu fanatismo religioso. O Judeu não representa uma classe social, mas sim um grupo, o dos Judeus.
Como Argumentos de acusação, só Joane o culpa de não cumprir os deveres da religião católica, pois alega que comeu carne em dias de jejum, não respeitou o dia dos defuntos, o Cristianismo e profanou os lugares sagrados.
Como Argumentos de Defesa, o Judeu utiliza o dinheiro como forma de entrada na Barca do Diabo e pagava ainda mais para a entrada do Bode.
Fisicamente, o Judeu traz um bode às costas, que simboliza o seu apego à religião. Psicologicamente, é fanático pelo Judaísmo e isso leva a que a sociedade despreze o seu grupo social.
Como processos de Cómico, Gil Vicente, utiliza o Cómico de situação, «Diabo– E o bode há cá de vir? \Judeu – Pois também o bode há-de ir.», «Diabo – Vós, judeu, irês à toa.\ que sois mui ruim pessoa.\ Levai o cabrão na trela!», «Judeu- Porque nom irá o judeu\ onde vai Brísida Vaz?\ Ao senhor meirinho apraz?».
Cómico de linguagem «Judeu – Má corrença que te acuda!\ Par el Deu, que te sacuda\ co’a beca nos focinhos!\ Fazes burla dos meirinhos?\ Dize, filho da cornuda!», «Joane –  Furtaste a chiba, cabrão?\ Parecês-me vós a mim\ gafanhoto d’Almeirim\ chacinado em um seirão.»
Nesta cena Gil Vicente quer criticar os Judeus de serem visto como indivíduos fanáticos pela religião e muito apegados ao dinheiro.
Como podemos ver o percurso cénico do Judeu foi Barca do Diabo de seguida foi para a Barca do Anjo e regressou á Barca do Diabo.
O Judeu foi a única personagem que o diabo recusou a levar na sua barca pois os Judeus eram tão desprezados que ninguém os queria, logo foi de reboque para o inferno.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Resumo da cena


Entra o Judeu, acompanhado de seu bode, símbolo do judaísmo. Ele dirige-se ao batel infernal. O Diabo, que sempre se mostrou muito desejoso por almas, recusa-se a levá-lo. O Judeu tenta subornar o Diabo, mas esse, sob pretexto de não levar bode em sua barca, aconselha-o a procurar a “outra” barca. O judeu então tenta aproximar-se do Anjo, mas o Parvo acusa-o de ter desrespeitado determinadas vocações do cristianismo. O Diabo acaba por levar o Judeu e o bode rebocados na sua barca, pois é «mui ruim pessoa»


Tanto que Brísida Vaz se embarcou, veio um Judeu, com um bode às costas; e, chegando ao batel dos danados, diz:

 JUDEU -Que vai cá? Hou marinheiro! 
 DIABO- Oh! que má-hora vieste!
 JUDEU- Cuj'é esta barca que preste?
 DIABO-Esta barca é do barqueiro.
 JUDEU- Passai-me por meu dinheiro.
 DIABO- E o bode há cá de vir?
 JUDEU- Pois também o bode há-de ir.
 DIABO- Que escusado passageiro!

 JUDEU- Sem bode, como irei lá?
 DIABO- Nem eu nom passo cabrões.
 JUDEU- Eis aqui quatro tostões
e mais se vos pagará.
Por vida do Semifará
que me passeis o cabrão!
Querês mais outro tostão?

 DIABO- Nenhum bode há-de vir cá.

 JUDEU- Porque nom irá o judeu
onde vai Brísida Vaz?
Ao senhor meirinho apraz?
Senhor meirinho, irei eu?
 DIABO- E ò fidalgo, quem lhe deu...
 JUDEU- O mando, dizês, do batel?
Corregedor, coronel,
castigai este sandeu!

Azará, pedra miúda,
lodo, chanto, fogo, lenha,
caganeira que te venha!
Má corrença que te acuda!
Par el Deu, que te sacuda
co’a beca nos focinhos!
Fazes burla dos meirinhos?
Dize, filho da cornuda!

                 JOANE -Furtaste a chiba cabrão?
Parecês-me vós a mim
gafanhoto d'Almeirim
chacinado em um seirão.

 DIABO- Judeu, lá te passarão,
porque vão mais despejados.

 JOANE- E ele mijou nos finados
n'ergueja de São Gião!

E comia a carne da panela
no dia de Nosso Senhor !
E aperta o salvador,
e mija na caravela!

 DIABO- Sus, sus! Demos à vela!
Vós, Judeu, irês à toa ,
que sois mui ruim pessoa.
Levai o cabrão na trela!

Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Biografia de Gil Vicente

Gil Vicente (1465-1536) é considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique como ourives, autor da Custódia de Belém, e mestre de Retórica do rei Dom Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano – partilhando a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.
A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram governadas por regras rígidas. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.

Algumas das suas obras:
o   Auto da Fama (1516)
o   Auto da barca do inferno (1517)
o   Auto da barca do purgatório (1518)
o   Auto da barca da glória (1519)
o   Cortes de Júpiter (1521)
o   Comédia de Rubena (1521)
o   Farsa de Inês Pereira (1523)
o   Auto pastoril português (1523)
o   Frágua de amor (1524)